Senador Benedito de
Lira (PP-AL) e o deputado Arthur César Pereira de Lira (PP-AL) teriam recebido
propina por meio de uma empresa alvo da operação deflagrada hoje em Pernambuco
Por: Thiago Bronzatto e
Laryssa Borges, de Brasília
Arthur
e Benedito de Lira(VEJA.com/Folhapress)
A Operação
Turbulência, deflagrada pela Polícia Federal nesta terça-feira,
descobriu uma ligação entre uma organização criminosa especializada em lavagem
de dinheiro e o senador Benedito de Lira (PP-AL) e o deputado Arthur César
Pereira de Lira (PP-AL), segundo revela documento sigiloso obtido por VEJA.
Alvos da Operação Lava Jato, os parlamentares teriam recebido propinas por meio
de uma empresa-fantasma que integra um esquema espúrio que movimentou cerca de
600 milhões de reais desde 2010.
"Uma das empresas utilizadas pelo grupo criminoso sob apuração - a
Câmara & Vasconcelos Locação e Terraplanagem Ltda. - fora beneficiária de
recursos provenientes de empresas controladas por Alberto Youssef, mais
especificamente a Empreiteira Rigidez Ltda. e a MO Consultoria Ltda. Tais repasses
suspostamente teriam sido efetuados como pagamentos de vantagens indevidas ao
senador Benedito de Lira e ao deputado federal Arthur César Pereira de Lira,
conforme acordos de colaboração premiada", diz a PF, em seu pedido de
compartilhamento de informações da Operação Lava Jato enviado ao Supremo
Tribunal Federal, que deferiu o acesso ao inquérito envolvendo os parlamentares
do PP.
(VEJA.com/VEJA)
As investigações que culminaram na Operação Turbulência se iniciaram em
janeiro deste ano, após a PF receber um relatório do Conselho de Controle de
Atividades Financeiras (Coaf), órgão de inteligência ligado ao Ministério da
Fazenda. De acordo com o documento, as empresas Geovane Pescados Eireli e
Câmara & Vasconcelos Locação e Terraplanagem Ltda. registraram
movimentações de recursos de forma atípica e suspeita. Ao longo das
diligências, descobriu-se, então, que se tratavam de meras firmas de fachada,
utilizadas para escamotear o fluxo de dinheiro sujo e o destinatário final.
Tanto a Geovane Pescados, em nome de um pescador, como a Câmara &
Vasconcelos Locação, de Paulo Cesar de Barros Morato, estão envolvidas na
compra do jatinho Cessna Citation PR-AFA, que caiu em agosto de 2014 e matou o
então candidato à Presidência Eduardo Campos (PSB), ex-governador de
Pernambuco.
"O modus operandi apurado até o momento é bastante assemelhado ao
investigado no bojo da Operação Lava Jato", diz a PF, destacando que as informações
da Lava Jato do inquérito envolvendo Benedito e Arthur Lira são de
"extrema relevância". Apesar de não serem alvos diretos da Operação
Turbulência, os dois parlamentares são investigados em procedimentos que
tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeitas de terem recebido
propina de contratos fraudados na Petrobras. Lira-pai e Lira-filho já tiveram
4,2 milhões de reais em bens bloqueados por decisão do ministro Teori Zavascki,
relator do petrolão no STF.
(VEJA.com/VEJA)
Procurado, o senador Benedito Lira disse por meio de sua assessoria de
imprensa que "não tem contato algum com o doleiro Alberto Youssef" e
que "já prestou esclarecimentos à Polícia Federal". "O único
recurso que o PP recebeu foi uma doação de campanha no valor de 400 000 reais,
que foi declarada na prestação de contas do partido", disse. Procurado, o
deputado Arthur Lira disse que não vai comentar.
Na Operação Turbulência, a PF prendeu os empresários João Carlos Lyra
Pessoa de Melo Filho, Eduardo Freire Bezerra Leite, Apolo Santana Vieira e
Arthur Lapa Rosal. Lyra e Apolo são apontados como os donos do jatinho que
levava Eduardo Campos durante a campanha eleitoral de 2014. A Justiça também
expediu 33 mandados de busca e apreensão e 22 de condução coercitiva.
(VEJA.com/VEJA)
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